Falar de nossa história – da Congregação de São Carlos de Lyon – é tornar visíveis os gestos de Deus por ela e através dela.
Deus escolheu Carlos Demia, sacerdote da diocese de Lyon, para dotar a Igreja de uma nova família religiosa: a Congregação das Irmãs São Carlos de Lyon, fundada oficialmente em 1680, cuja missão sempre foi a evangelização dos pobres através da educação, no campo da saúde e em todas as formas de ação pastoral.
Apenas formada a comunidade, as mestras são chamados Irmãs de São Carlos, em homenagem ao ilustre patrono de Carlos Demia, São Carlos Borromeo e suas obras.
As primeiras escolas criadas por Carlos Demia, para meninas, foram na cidade de Lyon no ano de 1675, e devido a necessidade, muitas outras vieram depois desta.
Após a morte do fundador, as Irmãs permaneceram fiéis a toda a riqueza humana, profissional e espiritual deixada por ele, mantiveram a fidelidade ao carisma de evangelizar a todos, mas especialmente preocupadas com os pobres, e em especial as crianças.
Um dos biógrafos que estudou a vida de Carlos Demia – Padre Faillon – fala das primeiras Irmãs de São Carlos, afirmando que as religiosas são modelos de caridade.
"Como educadoras, possuem o sentimentos de mãe por seus filhos e os reconhecem como tais. Como religiosas vivem em harmonia, e possuem um zelo cauteloso e discreto por seus deveres; sempre foram estimadas e transmitiram confiança, fazendo com que muitos desejassem confiar a elas novas escolas aos seus cuidados".
“Em 1680, as primeiras mestras foram reunidas sob o patrocínio de São Carlos Borromeu. Esta comunidade nascente era a semente humilde destinada a se tornar uma árvore com raízes sólidas”
TEMPOS DE PROVAÇÃO: "A Revolução Francesa"
Na véspera daqueles dias sinistros que causariam sofrimento e morte por toda a França, a Assembleia Nacional votou, entre outros, a extinção das ordens religiosas.
A Constituição civil do clero colocou a Igreja da França sob a autoridade do poder civil, suprimindo assim a autoridade do Papa.
Todos os padres do seminário São Carlos se recusaram a prestar juramento. Sem dúvida, a corajosa resistência desses padres acelerou a dispersão deles.
De fato, pela lei de 25 de outubro e 5 de novembro de 1790, o Seminário foi extinto.
As Irmãs não se dispersaram tão rápida e completamente quanto os padres e seminaristas de São Carlos. Sofreram em Lyon as tempestades da Revolução sem viver em comunidade, mas sem se perderem de vista.
Os membros sectários da administração escolar convidaram-nas a deixar suas casas. As Irmãs foram substituídas nas escolas por pessoas escolhidas pela nova administração.
No final do ano de 1791, nada restava das escolas de São Carlos. Elas se encontraram pela última vez em 12 de novembro de 1791 no Ruols.
As irmãs foram deixadas por conta própria. Eles deixaram o hábito religioso e se retiraram para suas famílias, outras foram acolhidas por pessoas de caridade que lhes ofereceram asilo nesses tempos difíceis.
A DISPERSÃO E O RETORNO DA VIDA EM COMUNIDADE
Foi no meio de privações de todos os tipos e do exercício do zelo apostólico que as Irmãs expulsas atravessaram a Revolução.
Quase onze anos se passaram após a dispersão da Comunidade, quando Charpieux, prefeito de Lyon, sentiu a necessidade de criar escolas populares. Lembrou-se das Irmãs de São Carlos. Ele as procurou e propôs-lhes de retomar suas funções.
Elas aceitaram sob a condição de que, como no passado, retomassem a vida em comunidade.
Os prédios do Petit Collège foram postos à disposição delas, e entraram no local em novembro de 1802, sob a autoridade da Irmã Anne Sicard. Eram 16 Irmãs.
RECOMEÇO DESAFIADOR
A pequena comunidade começou de novo, mas em extrema pobreza. O cataclisma da Revolução destruiu tudo, então tudo teve que ser reconstruído. O escasso salário pago às Irmãs educadoras da cidade de Lyon não era suficiente, porque nem todas estavam envolvidas no serviço escolar.
Mas essa situação, tão precária e desumana, era fonte de alegria sobrenatural: as Irmãs haviam sofrido muito com a dispersão e ansiavam pela vida comunitária que finalmente haviam encontrado!
“Não é sem grandes e inefáveis intenções que a Providência de nosso Deus as salvou da Revolução para trazê-las de volta ao espírito deste santo Instituto. Considero que todas as maiores, mais antigas e mais desenvolvidas congregações estão sem esperança. Vejo esta pequena Sociedade das Irmãs de São Carlos partindo rapidamente para dar à cidade de Lyon dez escolas de ensino gratuito para os pobres; Quando as vejo reunidas em capítulo neste seminário e considero que esta venerável superiora que as preside, esses antigos pilares vivos desta sociedade, eu posso apenas reconhecer a marca especial da misericórdia do céu sobre vocês, um motivo certo para uma nova vocação que deve espalhar ainda mais o bem feito por esta Congregação."
NOVOS TEMPOS, NOVOS DESAFIOS
Já em 1802, muitas demandas urgentes foram feitas em favor das cidades e do campo: “Escolas, internatos, orfanatos, instituições para surdos-mudos, hospitais e lares de idosos, atendimento aos doentes mentais, visita aos pobres e doentes”.
Apesar das muitas revoltas políticas, sociais e religiosas da época, o florescimento de obras foi enorme e o zelo das Irmãs encontrou campo livre para ser exercido.
MAIS QUE NÚMEROS, VIDAS ACOLHIDAS COM DIGNIDADE E AMOR
No final do século XIX, eram 230 estabelecimentos da qual a Congregação era responsável, incluindo muitas obras: Acolhiam mais de 40.000 crianças nas escolas, assistiam a mais de 4.000 enfermos e idosos em hospitais, atendiam cerca de 6.000 famílias em situação de pobreza.
Ao longo do tempo, revoluções e guerras, contradições, perseguições e dispersões, a Congregação religiosa fundada por Carlos Demia manteve seu espírito, desenvolveu e adaptou suas obras. Seu próprio carisma, animando todas as formas de inserção, continua sendo o dever de evangelizar.
NOVAS FRONTEIRAS
Em várias dioceses da França, as Irmãs da Congregação de São Carlos, eram convidadas pelos responsáveis das cidades e vilas, pelo clero das dioceses, para iniciar escolas e cuidar dos doentes e idosos nos hospitais, e elas buscavam acolher todas estas ocasiões de poder anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo.
Mais tarde, as Irmãs são enviadas para outros países da Europa, África e América do Sul.
NOSSA MISSÃO "HOJE"
Apesar de atualmente ser em menor número, as Irmãs da Congregação de São Carlos continuam sua missão de evangelizar em todos os tipos de ação pastoral.
Em 1937, em resposta ao chamado da Igreja para o serviço missionário, as primeiras Irmãs partiram para a AMÉRICA DO SUL, no BRASIL.
Permaneceram em Petrópolis, Rio de Janeiro até 1967 e depois, devido a novas perspectivas missionárias abriram uma frente missionária no PARANÁ e mais recentemente em RONDÔNIA.
Elas seguem evangelizando, atuando como professoras, catequistas, assessorando pastorais, promovendo formações e retiros de espiritualidade, ajudando a formar lideranças, acompanhando famílias carentes, idosos e enfermos.